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Provedoria da Santa Casa vai ao MPMG para apresentar situação financeira da instituição

“Não dá mais para continuar desta forma”, declarou o Provedor Antônio Ribeiro

A situação financeira da Santa Casa chegou a uma fase crítica de falta de sustentação financeira em decorrência do déficit mensal – dívida acumulada que cresce a cada mês e tem estrangulado os compromissos financeiros. São recorrentes os atrasos de pagamento para fornecedores, o que acarreta inclusive falta de materiais e medicamentos. Até mesmo a folha de pagamento dos empregados tem sido paga com atraso, em prejuízo a qualidade do serviço prestado e ocasionado iniciativas de paralisação parcial dos serviços de internação hospitalar.

Preocupado com esta situação e com o compromisso institucional da Santa Casa, além da responsabilidade civil e criminal pelos quais estão sujeitos, o Provedor, Antônio Ribeiro da Silva e demais membros da Mesa Administrativa – acompanhados da Diretora Superintendente e da Assessora Jurídica – por proposição da Promotoria de Justiça de Araxá, fizeram uma exposição ao CAO Saúde, órgão do Ministério Público Estadual. Foi demonstrada a inviabilidade da continuação da prestação de serviços médico-hospitalares dentro do atual modelo de remuneração.

Na oportunidade, foi mostrado todo o esforço que os administradores da Santa Casa de Araxá têm feito nos últimos anos para manter a instituição em funcionamento, inclusive com chamamento a segmentos da comunidade para participar do necessário provimento. Apesar de muitas contribuições, os valores adicionais obtidos são insuficientes para a sustentação do hospital.

No limite dos esforços

“Não dá mais para continuar desta forma. Chegamos numa circunstância que está acima de nossa capacidade de gestão”, declara o atual Provedor, Antônio Ribeiro. A Associação de Assistência Social, que mantém o hospital da Santa Casa de Araxá, tem como principal fonte de recurso os atendimentos feitos para o SUS, cuja tabela de remuneração cobre tão somente 60% das despesas.

Como o sistema é de Gestão Plena, o município, por intermédio da Prefeitura é o principal tomador de serviço. Para amenizar o prejuízo, a Prefeitura arca com a despesa dos plantões médicos e com o complemento do pagamento de sua produtividade. Esta é uma contribuição fundamental, mas mostra-se insuficiente.

As demais fontes de receita são verbas específicas do Governo Federal, repassadas diretamente para programas de atenção oncológica e a pessoas com deficiência (Pronon e Pronas), cujos recursos não podem ser aplicados no custeio do hospital. As verbas estaduais (Prohosp e IAC) são para investimento, parte do custeio, treinamentos e outras finalidades específicas. Há ainda convênios com planos de saúde e algumas instituições como Ipsemg e IPSM, mas em seu conjunto o faturamento cobre somente 10%.

O que fazer

Por posição do Coordenador do CAOSAUDE, Promotor de Justiça de Minas Gerais, Nélio Costa Dutra Júnior, da Coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Terceiro Setor – CAOTS, Promotora de Justiça, Maria Lúcia Gontijo, a Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Estado de Minas Gerais (Federasantas), sob a supervisão de sua presidente, Kátia Regina de Oliveira Rocha, acompanhada pelo Ministério Público e com base em informações da Santa Casa e da Secretaria de Saúde do Município realizará um estudo técnico de apuração de custos e custeio do SUS para serviços hospitalares. O prazo de finalização é de sessenta dias, quando se conhecerá a viabilidade e sustentabilidade da Santa Casa de Araxá.

Enquanto isso

Para que as internações eletivas possam ser retomadas de imediato, a Secretária de Saúde, Diane Dutra, assumiu o compromisso em nome do município de repassar uma verba emergencial para pagamento da folha de pagamento de fevereiro dos empregados da Santa Casa e compra de medicamentos, órtese e próteses, serviço de laboratório e de outras necessidades.

Ficou estabelecido um prazo de noventa dias para Mesa Provedora, de posse do estudo da Federasantas, depois de ouvir a Prefeitura Municipal e outros segmentos da comunidade, levar para a Assembleia da Associação de Assistente Social da Santa Casa de Misericórdia de Araxá a proposição do que fazer. “Precisamos tomar uma medida resolutiva sobre a assistência hospitalar prestada pela Santa Casa para Araxá e região”, conclui o Provedor Antônio Ribeiro.

Súmula da Santa Casa de Araxá

Ano de fundação 1.885 (134 anos)
No de médicos do corpo clínico 101
Caracterização Hospital Geral
No de leitos 71 (55 SUS, 10 UTI, 6 convênios e particulares )
Atendimento 24 horas com plantões ininterruptos
Serviços assistenciais Clinica médica, maternidade e berçário, clinica cirúrgica, pediatria, UTI Adulto, cuidados paliativos.

Ambulatorial – quimioterapia, agência transfusional, serviços por imagem (raios x, ultrassonografia, mamografia, ressonância magnética, tomografia), endoscopia, clinica de reabilitação física integrada.

No de internações SUS em 2018 3.244 (835 partos)
Taxa de ocupação em 2018 80,25%
Entidade administradora Associação de Assistência Social da Santa Casa de Araxá
No de Associados (Fev 2019) 74
Estrutura Assembleia Geral, Mesa Administrativa e Conselho Fiscal
Natureza do vínculo Associados voluntários
No de gestores da Mesa Administrativa 6 (mais 6 suplentes)
No de membros do Conselho Fiscal 3 (mais 3 suplentes)
Mandato da Mesa Administrativa e Conselho Fiscal 2 anos (permitida uma reeleição consecutiva)
Administração executiva 1 Diretor Superintendente (não associado), remunerado
No de colaboradores (Fev 2019) 356 (265 ativos, 34 programas Pronas e Pronon, 50 afastados, 7 estagiários)

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